domingo, 21 de agosto de 2011

Lenda de Ogum

Ogum era o mais velho e o mais combativo
dos filhos de Odudua,o conquistador e rei de Ifé.
Por isto,tornou-se o regente do reino quando Odudua,
momentaneamente,perdeu a visão.
Ogum era guerreiro sanguinário e temível.

"Ogum,o valente guerreiro,
O homem louco dos músculos de aço!
Ogum,que tendo água em casa,
lava-se com sangue!"

Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos.
Ele trazia sempre um rico espólio de suas expedições,
além de numerosos escravos.
Todos estes bens conquistados,ele entregava a Odudua,seu pai,rei de Ifé.

"Ogum o violento guerreiro,
o homem louco,dos músculos de aço.
Ogum,que tendo em casa,
lava-se com sangue!"

Ogum teve muitas aventuras galantes.
Ele conheceu uma senhora,chamada Elefunlosunlori-
"aquela que pinta a cabeça com pó branco e vermelho."
Era a mulher de Orixá Okô,o Deus da agricultura.

De outra feita,indo para a guerra,Ogum encontrou,à margem de um riacho,
uma outra mulher,chamada Ojá,e com ela teve o filho Oxóssi.
Teve,também,três outras mulheres que tornaram-se,depois,mulheres de Xangô.

Kawo Kabieyesi Alafin Oyó Alayeluwa!
Saudemos o Rei Xangô,o dono do palácio de Oyó,Senhor do Mundo!"

A primeira,Iansâ,era bela e fascinante;
a segunda,Oxum,era coquete e vaidosa;
a terceira,Obá era vigorosa e invencível na luta.

Ogum continuou suas guerras.
Durante uma delas,ele tomou Irê.
Antigamente,esta cidade era formada por sete aldeias.
Por isto chamam-no,ainda hoje,Ogum mejejê lodê Irê-
"Ogum das sete partes de Irê"
Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho,
conservando para si o título de Rei.
Ele é saudado como Ogum Onirê! "Ogum Rei de Irê!"
Entretanto,ele foi autorizado a usar apenas uma coroa,"akorô".
Daí ser chamado,também,de Ogum Alakorô-"Ogum dono da pequena coroa".

Após instalar seu filho no trono de Irê,
Ogum voltou a guerrear por muitos anos.
Quando voltou a Irê,após longa ausência,ele não reconheceu o lugar.
Por infelicidade,no dia de sua chegada,celebrava-se uma cerimônia,
na qual todo mundo devia guardar silêncio completo.
Ogum tinha fome e sede.
Ele viu as jarras de vinho da palma,
mas não sabia que elas estavam vazias.
O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo.
Ogum,cuja paciência é curta,encolerizou-se.
Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas.

A cerimônia tendo acabado,apareceu,finalmente o filho de Ogum
e ofereceu-lhe seus pratos prediletos:
caracóis e feijão,regados com dendê;
tudo acompanhado de muito vinho de palma.

"Ogum,violento guerreiro,
o homem louco dos músculos de aço.
Ogum,que tendo água em casa,
lava-se com sangue!"

"Os prazeres de Ogum são o combate e as brigas.
O terrível orixá,que morde a si mesmo sem dó.
Ogum mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro.
Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!"

Ogum,arrependido e calmo,lamentou seus atos de violência,
e disse que já vivera bastante,
que viera agora o tempo de repousar.
Ele baixou,então,sua espada e desapareceu sob a terra.
Ogum tornara-se um orixá.

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