domingo, 21 de agosto de 2011

Axé de fala e um pouco mais sobre o batuque

No rio grande do sul, o candomblé popularmente conhecido como batuque ou nação. O batuque é uma religião de fundamento e cultura africana, proveniente da junção de raízes predominantes como oyó (nagô), jêje, ijexá e cabinda.
É muito comum entre as casas (ylés) de batuque, seus zeladores serem identificados como originários de oyó, cabinda, nagô, etc. Porém na verdade, hoje a maioria das casas praticam uma única liturgia e compartilha dos mesmos cantos e fundamentos. Diferenciando apenas algumas existências ou não de qualidades de orixás a serem cultuados. Como exú(bará) legbá, otin(alguns fazem com odé outros só cultuam), etc. Assim como as ordens de xirês e alguns modos de feitura.
Os cantos são na maioria em yorubá, existindo alguns ritmados também em jêje, tocados com a mão em tambores de couro e corda trançada.
No batuque, os orixás são montados com ferramentas, okutás, efos, sacrifícios, etc. Tal como são realizados nas casas de candomblé. Porém, pouquíssimas qualidades de orixás são comuns entre os dois seguimentos.
Entre seus participantes, não são feitos ou designados cargos de santo, onde o babalorixá/yalorixá reina individualmente, exercendo plenos poderes em seus ylés, geralmente de propriedade familiar/carnal.
Não é comum existir ylés com mais de 60 anos, pois geralmente nas cerimônias de axexe, são despachados todos seus ygbás (assentamentos/vasilhas), inclusive os do próprio ilé,  findando o ilé juntamente com seu antigo proprietário.
Porém hoje tem se verificado uma certa mudança em seus costumes pois já existem ilés(casas), onde seus axés permanecem. E,  após consulta a ifá, é escolhido o sucessor do antigo zelador, dando prosseguimento a raiz e a criação e/ou permanência de cargos.
Porém hoje tem se verificado uma certa mudança em seus costumes pois já existem ilés(casas), onde seus axés permanecem. E,  após consulta a ifá, é escolhido o sucessor do antigo zelador, dando prosseguimento a raiz e a criação e/ou permanência de cargos.
O batuque assemelha-se muito as casas de xangô de recife. Onde sua propagação no sul, surgiu através de rio grande e pelotas, cidades berço da cultura afro no estado, devido ao porto e antigas fazendas com um enorme número de escravos, comercializados e mantidos naquela região.
Posteriormente, o mesmo teve sua introdução na capital e com a vinda de um príncipe africano (custódio), onde fixou residência e auxiliou na propagação do culto em porto alegre, difundindo-o nas demais cidades metropolitanas.
No batuque, os orixás raramente são vestidos com adornos, porém os mesmos dançam,  ficam em estado de erê (axéêre/criança), são cultuados, presenteados e louvados com saudações e toques acelerados  dos tambores, especificamente de acordo com os orixás que estão sendo homenageados.
Em algumas festas, são feita encenações, baseadas em lendas dos orixás envolvidos.
Muitos orixás falam após receber permissão, onde são dadas após  alguns anos em observação e preparação, através de testes e cerimônias reservadas, conhecidas como "axé de fala" (cerimônia respectiva onde se utiliza vários rituais como o do kelé, etc).
As festas de batuque não são filmadas, tão pouco pode-se tirar fotos de orixás, (pessoas boladas/incorporadas).
Muitos orixás falam após receber permissão, onde são dadas após  alguns anos em observação e preparação, através de testes e cerimônias reservadas, conhecidas como "axé de fala" (cerimônia respectiva onde se utiliza vários rituais como o do kelé, etc).
As raízes existentes são diagnosticadas através de seus zeladores representantes ascendentes, ao invés dos ilés, como é conhecido no candomblé.
As raízes existentes são diagnosticadas através de seus zeladores representantes ascendentes, ao invés dos ilés, como é conhecido no candomblé.
Os oyés (graus de aprontação), são dados em ciclos de quatro em quatro anos, onde são preparados e entregues os axés pertencentes aos mesmos, com seus fundamentos e ferramentas, como: obés (faca/metal e autorização para o corte através de assentamento de ogun), entre outros como encantamentos de folhas, opelé ifá (jogo de búzios), etc.
É muito comum existir casas de batuque com culto de umbanda, onde muitas vezes são confundidos e até mesmo mesclados, surgindo assim cultos de caboclo e orixás, conhecidos no sul como umbanda cruzada. Geralmente as casas de batuque não trabalham com exús,(festa especícica) algumas vindo a utilizar a umbanda para vincular a união dos mesmos ao axé.
Com exceção dos exús orixás (barás) onde somente incorporam em seus yawos e possuem funções mais específicas como orixás do ylé.
No batuque, os zeladores desconhecem o método de consulta por odú, utilizam um rosário de contas com 07 ou 08 búzios onde os mesmos são marcados pelas caídas em direção ou sobre as contas, conforme os respectivos orixás nelas simbolizadas.
Alguns adeptos e até mesmo sacerdotes despreparados, confundem orixás com caboclos, assim como, ensinam e propagam conhecimentos distorcidos sobre a verdadeira existência de orixá  e sua diferença dos cultos a espíritos.
Como em muitas regiões do brasil, no rio grande do sul tem se verificado  a existência de falsas casas, onde são ensinados e difundidos cultos distorcidos a respeito de nossos orixás, causando grande confusão e até repúdio de pessoas de boa fé.
Nota: hoje, infelizmente, temos nos deparado com uma enorme e litigiosa falta de respeito com a religião e aos orixás.
Vimos cruzeiros(encruzilhadas)  poluídos de aves e lixo, praias repletas de objetos de vidro e plástico, matas poluídas e cheias de material não degradável, sem mencionar na imensa falta de respeito com os simpatizantes que são enganados com falsos babalorixás que nem sequer conhecem onde seu orixá reina e o que representa.
  • pois se orixá é natureza, como podem poluir e estragar  o mesmo ?
  • como podem sujar oxum (rios e cachoeiras) e após, pedir sua energia (axé)?
  • como podem ofender yemanjá (poluindo os oceanos) e depois pedir-lhe proteção e ajuda?
Pois não custa recolher o lixo que utilizam (sacolas plásticos, etc.) Assim como, depositar vossas oferendas e despachar vossos egbós  com materiais biodegradáveis, como papéis ao invés de plásticos e isopores; evitar jogar vidros de perfumes e de quebrar garrafas em praias e avenidas, pois não custa despejar apenas o conteúdo e levar o resto, que o orixá não gosta, aos cestos de lixo.
Contribuindo assim, com nossa cultura e conduta dentro da religião;  ajudando-nos a divulgar a mesma como uma religião limpa, bela e consciente da ética e respeito aos seres e sociedade em geral.
É claro que isso não é praticado pela maioria e certamente, essa minoria que polui e desrespeita a natureza(orixá), não são descendentes de casas e zeladores honrosos, famosos e dignos.

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